3 temores para o futuro da Administração Pública
- 14/09/2023 às 13:09
- Alessandro Amaral
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Não é segredo para ninguém que o mundo está se desenvolvendo
com uma rapidez nunca vista na história. A cada momento surgem novas
tecnologias que prometem impactar as nossas vidas, mudanças que outrora levavam
séculos para acontecer, agora acontecem em questão de anos ou até mesmo de
meses, como foi provado na pandemia do Covid.
Com a Administração Pública não poderia diferir, o setor público também
enfrentará desafios que já representam preocupações para agentes públicos ao
redor do mundo, incluindo o Brasil.
1 – Desconfiança nas Instituições
O conceito de pós verdade está cada vez
mais presente na política. Como bem sabemos, política e governo andam de mãos
dadas, um governo não existe sem política, e tudo que acontece no primeiro,
impacta o segundo. O termo pós verdade
surgiu em 1992 em um artigo escrito pelo dramaturgo sérvio-americano Steven Tesich,
o autor definia que, nas sociedades dominadas pela pós verdade, os fatos importam menos do que as
crenças. Muitos agentes políticos têm manipulado multidões de maneiras sórdidas
e irresponsáveis, recorrendo a fake News
cada vez mais absurdas para controlar opiniões e narrativas.
Em sua campanha presidencial, o ex-presidente Donald Trump divulgou dados
falsos sobre o desemprego (afirmou que o desemprego
no seu país ultrapassava 40%), mentiu sobre a nacionalidade do seu antecessor
(segundo Trump, Barack Obama era muçulmano), declarou que o papa Francisco o
apoiou nas eleições, dentre outras afirmações polêmicas
que poderiam ser facilmente desmentidas com uma pesquisa rápida na internet. Sabemos que esse tipo de comportamento
não se restringe ao ex-presidente norte-americano, e essas atitudes nocivas já
produzem efeitos, dentre eles a desconfiança nas instituições por parte dos
cidadãos.
2 – Mudanças no modelo econômico
Com o avanço da automação e da inteligência artificial, o mundo vai precisar de
mudanças profundas no sistema econômico, uma vez que, a pandemia provou que o
capitalismo praticado atualmente não é compatível com o estado atual da
sociedade e precisa novamente ser reestruturado. Espera-se que num futuro
próximo muitos empregos sejam substituídos por inteligência artificial e
máquinas, o que antes víamos em filmes de ficção científica, agora é uma
realidade próxima.
Estudiosos como Yuval Noah Harari apontam que até 2050 deve surgir uma
nova classe de pessoas na sociedade, a classe
dos inúteis. Segundo o intelectual, essa será uma classe de pessoas
desempregadas, porém, não empregáveis, uma vez que suas habilidades se tornarão
obsoletas na sociedade vindoura e podem acabar sobrevivendo graças a um sistema
de renda básica universal. Os líderes do futuro deverão estar preparados para
uma possível mudança radical na economia mundial e precisarão saber lidar com
novas classes de pessoas que podem surgir daqui
para frente.
3 – Adaptação às novas tecnologias
O gestor do futuro precisa ser adaptável às mudanças e estar atento às novas
tecnologias. É um fato incontestável que inovações voltadas ao setor público
estão surgindo a cada momento, muitas delas facilitam bastante o trabalho dos
agentes públicos. Logicamente, além dos funcionários de repartições, os líderes
também devem estar a par das inovações que acontecem, uma vez que estes
necessitam de sabedoria tanto na hora de alocar recursos para a contratação de
novos serviços quanto para a contratar servidores qualificados o bastante para
gerir e utilizar esses serviços.
É esperado que no futuro haja um engajamento maior dos cidadãos com os
governos, considerando que a tecnologia tende a aproximar cada vez mais as
pessoas. Os governantes do futuro precisarão saber administrar além dos
recursos financeiros, o capital humano, motivando e engajando seus servidores enquanto
desenvolvem uma relação transparente com o seu povo.